Bilauta
Sabe aquele tipo de encontro que ninguém espera, mas que transforma completamente o significado de estar em um lugar? Foi assim com ela. Eu não fui impactado pelo cenário, pelas paredes ou pela música ambiente… mas sim pela presença dela. Pela forma como, sem dizer nada, ela disse tudo. Um olhar, um gesto, um sorriso que parecia carregar segredos e promessas que eu ainda nem imaginava viver.
No começo, confesso, meu coração não acelerou. Mas aos poucos, no silêncio dos nossos encontros e nas palavras trocadas com calma, ele aprendeu a bater diferente. Aprendeu a reconhecer nela algo raro, talvez até único. Ela se tornou a confissão que nunca tive coragem de fazer em voz alta — mas que viveu, inteira, dentro de mim.
Linda. Ainda é. Com aquele mesmo carisma que ilumina qualquer lugar, e aquele olhar que atravessa a alma como quem enxerga além da superfície. Tinha tudo o que eu precisava, mesmo quando eu ainda não sabia o que precisava.
Vivemos um ano. Perdi por outro. Reencontrei como quem encontra um pedaço perdido de si mesmo. E agora… agora eu não sei. Será que a perdi de vez? Ou será apenas mais uma pausa em um ciclo que insiste em nos fazer cruzar caminhos?
O que me corrói é o peso da promessa quebrada. Ela jurou que dessa vez seria diferente. Disse que não destruiria o que estávamos construindo com tanto cuidado. Eu acreditei. Eu quis acreditar. Mas os dias se acumularam, as mensagens silenciaram, e só restou a ausência — aquela que grita mesmo quando tudo está em silêncio.
Hoje, falo com ela em pensamento, mas parece que meu silêncio não a alcança. Falo com palavras, e ela apenas lê… sem resposta, como se meu amor tivesse se tornado uma lembrança incômoda. Me preocupo, não apenas com o que fomos, mas com o que ela sente agora. Será que ainda há um resquício do “nós”? Ou só eu carrego esse peso?
A saudade não é só dela, é também de quem eu era ao lado dela. E isso… isso é o que mais dói.